quinta-feira, 26 de abril de 2012

Thomas Kuhn em retrospectiva


David Tyler


17/04/2012


Já se passaram 50 anos desde que o livro The Structure of Scientific Revolutions [A estrutura das revoluções científicas] apresentou uma perspectiva radicalmente diferente sobre o modo como os cientistas realizam seu trabalho. A maioria dos leitores deste livro teria familiaridade com o método científico, que define a maneira como a ciência deve funcionar. Mas o "método científico" dos livros didáticos subestima as contribuições criativas fornecidas pelos cientistas, e Thomas Kuhn sabia que a História da Ciência fornece evidência abundante demonstrando que os fatores humanos merecem um perfil muito maior em nosso pensamento. Mesmo assim, ele sabia que o seu livro era iconoclástico:


"Kuhn não estava totalmente confiante sobre como o livro Structure seria recebido. A ele fora negado estabilidade no emprego na Universidade Harvard, em Cambridge, Massachusetts, alguns anos antes, e ele escreveu a diversos correspondentes após o livro ter sido publicado que ele sentia que tinha  ido "muito além da conta". Todavia, dentro de meses, algumas pessoas estavam proclamando uma nova era no entendimento da ciência. Um biólogo brincou que todos os comentários poderiam ser agora datados com precisão: seus próprios esforços tinha aparecido "no ano 2 A.K.", antes de Kuhn. Uma década mais tarde, Kuhn tinha recebido tanta correspondência sobre o livro que ele se desesperou se novamente ele conseguiria fazer algum trabalho."







Após duas décadas, o "Structure tinha alcançado o status de arrasa quarteirão". As vendas estavam beirando a casa de um milhão de cópias e numerosas edições em línguas estrangeiras tinham sido publicadas. "O livro se tornou a obra acadêmica mais citada de todas as ciências humanas e sociais entre 1976 e 1983." Esta última estatística foi a chave para entender o seu destino subsequente: o livro foi como um imã para os sociólogos de ciência porque a sua mensagem era sobre a face humana da ciência. Embora Kuhn começou sua carreira acadêmica como físico, ele passou para a História e Filosofia da Ciência. O que ele tinha a dizer era menos atraente para a comunidade científica.

A palavra-chave para Kuhn foi "paradigma". Originalmente, a palavra foi usada para se referir a um exemplo definido, padrão ou modelo. Mais tarde, foi associada com um referencial teórico para entende entender um aspecto do mundo em nosso redor. A abordagem de Kuhn se baseou nesses dois significados e lhes deu novas profundidades de significados.

"[Kuhn] separou seus significados intencionais em dois grupos. Um significado se referia às teorias e métodos dominantes de uma comunidade científica. O segundo significado, que Kuhn argumentou era tanto mais original e mais importante, referia-se aos exemplares ou problemas modelos, os exemplos trabalhados nos quais os estudantes e os jovens cientistas iniciam seus estudos/pesquisas. Assim como Kuhn reconheceu a significância de seu treinamento em Física, os cientistas aprenderam através da aprendizagem imersiva; eles tiveram que aprimorar o que o químico e filósofo de ciência húngaro Michael Polanyi tinha chamado de "tácito conhecimento" ao trabalhar através de grandes coleções de exemplares em vez de memorizar regras explícitas ou teoremas. Mais do que a maioria de especialistas do seu tempo, Kuhn ensinou os historiadores e filósofos a considerar a ciência como prática em vez de silogismo."

A análise de  foi, e continua sendo, uma grande influência no meu pensamento. Sua primeira contribuição foi demonstrar que o progresso crescente na ciência é somente parte da história. Isso é uma parte importante, e tende a dominar o pensamento da maioria dos cientistas ativos. Kuhn explicou como as anomalias na teoria são abordados: a ciência normal considera as anomalias como problemas a ser resolvidos gradualmente, enquanto que os cientistas revolucionários consideram as anomalias como indicadores para outra maneira melhor de abordar a evidência e definir os problemas. Descobrir aquela melhor maneira conduz a um novo quadro conceitual e se constitui em uma revolução científica.

Tendo contribuído com este entendimento de revoluções na ciência, Kuhn também lançou luz em algumas disputas que acontecem antes e depois dessas revoluções. Há disputas expressas com palavras fortes; cientistas mostram emoção; pessoas se sentem afrontadas!

[NOTA DESTE BLOGGER 1: Recentemente Francisco Salzano, Sergio Pena e vários cientistas enviaram uma carta ao presidente da Academia Brasileira de Ciência dizendo-se "afrontados" pelo avanço e divulgação da teoria do Design Inteligente entre membros da ABC.Vide aqui.]

Kuhn explicou que as pessoas que desenvolveram paradigmas diferentes de entendimento da evidência acham muito difícil de comunicar uma com a outra. 

"Mais controverso foi a afirmação de Kuhn que os cientistas não têm como comparar conceitos nos dois lados de uma revolução científica. Por exemplo, a ideia de 'massa' no paradigma newtoniano não é a mesma como no paradigma einsteiniano, argumentou Kuhn; cada conceito tira o significado de teias de ideias, práticas e resultados separados. Se os conceitos científicos  estiverem presos em maneiras específicas de ver o mundo, como uma pessoa que vê somente um aspecto da figura pato-coelho de um psicólogo de Gestalt, então como é possível comparar um conceito com outro? Para Kuhn, os conceitos eram incomensuráveis: nenhuma medida comum poderia ser encontrada com que relacioná-los, porque os cientistas, argumento ele, sempre interrogam a natureza através de um dado paradigma."


          Uma figura ambígua na qual o cérebro muda entre ver um coelho e um pato.

(Source here)

Esses insights são extremamente úteis quando se considera questões controversas em nossos dias. Considere a questão de design inteligente, por exemplo. Durante o surgimento da ciência, os acadêmicos trabalhavam com paradigmas que eram capazes de lidar com o conceito de design na natureza - e eles encontravam design em toda a parte. Com as influências secularizantes do Iluminismo veio uma aceitação do Deísmo - e assim o design era admitido somente até onde pudesse ser empurrado para os começos da história  natural. Mais tarde veio a ascensão do materialismo e naturalismo e o desejo de redefinir a ciência exclusivamente em termos de causação natural, e isso  nos levou ao ponto de vista do mundo evolucionário e a exclusão rígida do  design inteligente da ciência. Essas mudanças paradigmáticas foram acompanhadas por uma incapacidade em entender os acadêmicos com outro paradigma diferente: daí a representação de qualquer um que defenda o design inteligente como um defensor da anti-ciência e da superstição.

Hoje a análise kuhniana mesma está sob fogo de pessoas que são profundamente influenciadas pela cosmovisão materialista. Elas se apegam às ênfases positivistas com uma paixão que está parecendo cada vez mais como fervor religioso. 

[NOTA DESTE BLOGGER 2: Foi justamente este "fervor religioso" que vi na carta assinada por Francisco Salzano, Sergio Pena e vários cientistas, enviada ao presidente da Academia Brasileira de Ciência, por causa do avanço e divulgação da teoria do Design Inteligente entre cientistas de renome da ABC. Vide aqui.]

Todavia, é bom ler esta resenha na revista Nature. Há certamente áreas de divergência com Kuhn, mas não percamos de vista sua abordagem magistral e  ilustradora.

"Mesmo assim, nós ainda podemos admirar a destreza de Kuhn em abordar ideias desafiadoras com uma mistura fascinante de exemplos da psicologia, história, filosofia e mais além. Dificilmente precisamos concordar com cada  uma das proposições de Kuhn para usufruirmos - nos beneficiarmos - deste livro clássico." 
In retrospect: The Structure of Scientific Revolutions

David Kaiser

Nature, 484, 164-166 (12 April 2012) | doi:10.1038/484164a

David Kaiser marks the 50th anniversary of an exemplary account of the cycles of scientific progress.

The Structure of Scientific Revolutions: 50th Anniversary Edition
Thomas S. Kuhn (with an introduction by Ian Hacking) Univ. Chicago Press: 2012. 264 pp. ISBN: 9780226458113

"Não existe verdade" é uma afirmação tola e auto-refutável

William Lane Craig responde a pergunta de um dos leitores de seu site.



Dr. Craig, a vida tornou-se um absurdo para mim. As diversas conversas que tive com pessoas em meus anos de escola ensinaram-me que a maioria das pessoas não acredita que existe "verdade", antes a "verdade" é só uma questão de opinião e, portanto, não possui significado absoluto. Nas minhas conversas foi-me revelado que tudo que não é um fato científico é falso, e que a "verdade" é apenas um mecanismo de enfrentamento que o ser humano criou para fazer parecer que a vida tem sentido, mas na realidade a vida não tem nenhum sentido. Como você, como filósofo/teólogo, enxerga isso? Estou ansioso pela sua resposta!

Steven



Steven, seu desespero é totalmente desnecessário e até mesmo errado. Os indivíduos que lhe disseram que "Não há tal coisa como verdade" não são pensadores claros ou guias confiáveis. A posição que eles aderem é auto-referencialmente incoerente, isto é, é literalmente auto-refutável.

Basta perguntar a si mesmo a pergunta: A afirmação

1. "Não há verdade"

é verdadeira? Se não, então não há necessidade de se preocupar, certo? Por outro lado se (1) é verdade, então segue que (1) não é verdade, pois não há verdade. Portanto, se (1) é falso, é falso, e se (1) é verdadeira, é falso. Então, de qualquer forma (1) é falso. A posição defendida por seus amigos é incoerente.

Por favor, não descarte essa resposta com mera "lógica de shopping". A posição que seus amigos lhe ensinaram é facilmente auto-refutável e tola.

Na verdade, o resto de sua carta revela que você implicitamente rejeita a visão "auto-destrutiva" deles, pois você continua afirmando algumas supostas verdades:

2. A palavra "verdade" é somente uma matéria de opinião e portanto não possui significado absoluto.
3. Qualquer coisa que não é um fato científico é falsa.
4. A verdade é apenas um mecanismo de enfrentamento que os seres humanos criaram.
5. A vida realmente não tem sentido.

Se (1) é verdadeiro, então (2)-(5) não pode ser verdade. Agora, desde que (1) é "auto-destrutivo", você vai ter que abandoná-lo e apenas afirmar a verdade de (2)-(5).

Mas, em seguida, o problema é que (1) foi determinado como a justificativa para afirmar (2)-(5). Então, se você desistir de (1), qual é a justificativa para (2)-(5)?

Na verdade, (2)-(5) possuem os seus próprios problemas auto-referenciais. Escolha (2). Esta declaração é uma verdadeira bagunça. É evidente que a palavra "verdade" não é uma questão de opinião. A palavra "verdade" é uma palavra em Inglês, com cinco letras [o texto original é em inglês]. (2) não afirma nada e assim não pode ser uma questão de opinião. Da mesma forma, o que significa dizer que a "verdade" não tem significado absoluto? Claramente, esta palavra tem um significado (procurá-lo em qualquer dicionário), como é evidente pelo fato de que nós estamos discutindo isso. Se ele tem um significado em Inglês (ao contrário de, digamos, "zliibckk"), eu não sei o que significa dizer que o significado não é absoluto. Certamente, o significado de "verdade" é relativo ao idioma Inglês. Não tem nenhum significado em alemão, por exemplo (em oposição a "Wahrheit"). Claramente, o que se entende por (2) é algo mais parecido com

2*. O que é verdade é relativo à pessoa e somente uma questão de opinião.

"É verdade para você", como dizem, "mas não é verdade para mim." Mas, então, os mesmos problemas auto-referenciais surgem novamente. Se (2*) é verdadeiro, então (2*) em si é apenas uma questão de opinião e é relativo a uma pessoa. Mas então não é objetivamente verdade que a verdade é só uma questão de opinião. É apenas a sua opinião de que a verdade é uma questão de opinião, então quem se importa? O problema é que os relativistas querem afirmar que (2*) é objetivamente verdadeiro, mas, nesse caso, (2*) é falso. Então, mais uma vez, é auto-destrutivo.

Ou tome (3). (3) não é em si um fato científico. Não há experiências que você pode realizar para provar isso, nem você vai encontrá-lo afirmado em qualquer livro de ciências. É uma afirmação filosófica sobre a natureza dos fatos. Mas (3) afirma que qualquer coisa que não é um fato científico é falso. Mas, então, segue-se que (3) é falso! Acorde, Steven! Como você poderia ter ficado alheio a essas incoerências?

Que tal (4)? Verdade e falsidade são propriedades de afirmações. Uma afirmação S é verdadeira se e somente se o que S diz ser o acontecimento é realmente o acontecimento. Por exemplo, "A neve é branca" é verdadeiro se e somente se a neve é branca. Obviamente, a verdade não é um mecanismo de enfrentamento, já que os mecanismos de enfrentamento não são propriedades de afirmações. Isto é apenas uma forma confusa de pensar. O que se pretende por (4) deve ser algo como

4*. Pensamos que S é verdadeiro apenas porque este pensamento nos permite enfrentar a vida.

Agora, mesmo (4*) me parece totalmente implausível. Certamente você pode pensar em diversos tipos de afirmações que acha serem verdadeiras independentemente do fato de que se você assim pensar lhe ajuda a enfrentar a vida. De fato, algumas das coisas que pensamos que são verdadeiras são impedimentos positivos para enfrentar com sucesso a vida! Mas deixemos isso de lado. A coisa mais importante é que se (4*) é verdadeira, então a única razão para você acreditar em (4*) é porque ele lhe ajuda a enfrentar. Nesse caso, podemos sentir pena de você, mas não vamos nos preocupar com a objetividade da verdade como um resultado.

Quanto à (5), que é uma afirmação coerente e importante. Concordo com você que, se Deus não existe, então (5) é verdadeiro. Mas se ele existe, então (5) é falso. Então, quais são as evidências para fundamentar a sua opinião? Vai ser muito difícil para você dar qualquer evidência para o seu ponto de vista, se você negar que a verdade é objetiva e pode ser objetivamente conhecida!

O ponto de partida, Steven, é que é uma reivindicação substancial dizer que a vida é um absurdo, e estes seus conhecidos que o levaram a abraçar essa crença lhe enganaram através de argumentos pobres e afirmações auto-refutáveis. Exorto-lhe a sacudir o torpor causado por tais sofismas e voltar a pensar claramente sobre esses assuntos!

  Palavras-chave: William Lane Craigverdade



  Fonte: origem&destino

Porque o darwinismo é falso – Parte 3/3

Biogeografia 

Argumentos teológicos também são proeminentes no Origem das espécies. Por exemplo, Darwin argumentou que a distribuição geográfica das coisas vivas não fazia sentido se as espécies tivessem sido criadas separadamente, mas faria sentido no contexto de sua teoria. Casos como “a presença de espécie peculiar de morcegos em ilhas oceânicas e a ausência de todos os demais mamíferos terrestres,” Darwin escreveu, “são fatos completamente inexplicáveis na teoria de atos independentes de criação.” Em particular: “Por que, pode ser perguntado, tem a suposta força criadora produziu morcegos e nenhum dos outros mamíferos nas ilhas remotas?” Segundo Darwin, “no meu ponto de vista, esta questão pode ser facilmente respondida; pois nenhum mamífero terrestre pode ser transportado por um espaço vasto de mar, mas os morcegos podem cruzar voando.”34 

Mas Darwin sabia que a migração não pode explicar todos os padrões de distribuição geográfica. Ele escreveu no Origem das espécies que “a identidade de muitas plantas e animais, nos cumes das montanhas, separadas uma das outras por centenas de quilômetros de planícies, onde as espécies alpinas, possivelmente, não poderiam existir, é um dos casos mais surpreendentes conhecido de mesma espécie vivendo em pontos distantes sem a aparente possibilidade delas terem migrados de um ponto para o outro.” Darwin argumentou que uma idade do gelo recente “oferece uma simples explicação desses fatos.” Plantas e animais do Ártico que estivessem “quase que naquela ocasião” poderiam ter crescido em toda parte na Europa e América do Norte, mas “quando o calor retornou plenamente, as mesmas espécies, que então tinham vivido juntas nas planícies europeias e norte-americanas, novamente seriam encontradas nas regiões árticas do Velho e do Novo Mundo, e em muitos cumes de montanhas isoladas bem distantes umas das outras.”35 

Assim, alguns casos de distribuição geográfica podem não ser devido à migração, mas à divisão de uma população antes grande e bem distribuída em pequenas populações isoladas — que os biólogos modernos chamam de “vicariância.” Darwin argumentou que todas as distribuições modernas das espécies podiam ser explicadas por essas duas possibilidades. Mas, há muitos casos de distribuição geográfica que nem a migração e nem a vicariância parecem ser capaz de explicar. 

Um exemplo é a distribuição mundial de aves que não voam, ou as “ratites.” Inclusas estão as avestruzes na África, siriemas na América do Sul, emas e casuares na Austrália, e kiwis na Nova Zelândia. Uma vez que essas aves não voam, explicações baseadas na migração sobre vastas distâncias oceânicas são implausíveis. Depois que a deriva continental foi descoberta no século 20, pensou-se que as diversas populações poderiam ter se separado com as massas terrestres. Mas as avestruzes e kiwis são por demais recentes; os continentes já tinham se separado quando essas espécies se originaram. Assim, nem a migração nem a vicariância explicam a biogeografia dos ratites.36 

Outro exemplo são os caranguejos de água doce. Estudados intensivamente pelo biólogo italiano Giuseppe Colosi nos anos 1920s, esses animais completam seu ciclo de vida exclusivamente em hábitats de água doce e são incapazes de sobreviver à exposição prolongada de água salgada. Hoje, muitas espécies muito semelhantes são encontradas em lagos e rios amplamente separados na América Central e do Sul, África, Madagascar, Europa meridional, Índia, Ásia e Austrália. As evidências fóssil e molecular indicam que esses animais se originaram muito depois de os continentes terem se separados, assim, sua distribuição é inconsistente com a hipótese de vicariância. Alguns biólogos especulam que os caranguejos podem ter migrados por “transporte transoceânico” em troncos ocos, mas isso parece improvável dado a incapacidade deles em tolerar água salgada. Assim, nem a vicariância tampouco a migração fornecem uma explicação convincente para a biogeografia desses animais.37 

Uma explicação alternativa foi sugerida na metade do século 20 por Léon Croizat, um biólogo francês que cresceu na Itália. Croizat descobriu que a teoria de Darwin “parecia não concordar de jeito nenhum com certos aspectos de fatos importantes da natureza,” especialmente os fatos de biogeografia. Na verdade, ele concluiu, “por ora, o darwinismo é apenas uma camisa de força… um odre totalmente decrépito para guardar vinho novo.” Croizat não argumentou a favor de atos de criação independentes; em vez disso, ele propôs que em muitos casos uma espécie primitiva amplamente dispersa se dividiu em fragmentos, depois seus remanescentes evoluíram em novas espécies em localidades paralelas, separadas, que eram extraordinariamente semelhantes. Croizat chamou este processo de evolução paralela de “ortogênese.” Os neodarwinistas, como Ernst Mayr, todavia, salientaram que não existe mecanismo para ortogênese, o que implica —contrário ao darwinismo— que a evolução é guiada em certas direções; por isso eles rejeitaram a hipótese de Croizat.38 

No seu livro Why Evolution Is True, Coyne (igual a Darwin) atribui a biogeografia de ilhas oceânicas à migração, e outras determinadas distribuições à vicariância. Mas Coyne (diferente de Darwin) reconhece que esses dois processos não podem explicar tudo. Por exemplo, a anatomia interna dos mamíferos marsupiais é tão diferente da anatomia interna dos mamíferos placentários que os dois grupos são considerados como tendo se separado há muito tempo atrás. Mas, existem esquilos marsupiais voadores, tamanduás e toupeiras na Austrália que extraordinariamente aparentam esquilos voadores placentários, tamanduás e toupeiras em outros continentes, e essas formas de vida se originaram muito depois de os continentes terem se separado. 

Coyne atribuiu às semelhanças a “um processo muito conhecido chamado evolução convergente.” Segundo Coyne, “É realmente bem simples. As espécies que vivem em hábitats semelhantes irão experimentar pressões de seleção semelhantes de seu ambiente, de modo que elas podem evoluir adaptações semelhantes, ou convergir vindo a parecer e se comportar muito parecido muito embora elas não sejam relacionadas.” Coloque junto a ancestralidade comum, a seleção natural, e a origem das espécies (“especiação”), “adicione o fato que as áreas distantes do mundo podem ter hábitats semelhantes, e você tem a evolução convergente — e uma explicação simples de um importante padrão geográfico.”39 

Isso não é o mesmo que a “ortogênese” de Croizat pela qual as populações de uma espécie, após se tornar separada das demais, evolui paralelamente devido a alguma força diretiva interna. Segundo a “evolução convergente” de Coyne, os organismos que são fundamentalmente diferentes uns dos outros evoluem através da seleção natural para se tornarem superficialmente semelhantes porque eles habitam ambientes semelhantes. O mecanismo para ortogênese é interno, enquanto que o mecanismo para convergência é externo. Todavia, nos dois casos, o mecanismo é crucial: sem ele, a ortogênese e a convergência são palavras simplesmente descrevendo padrões biogeográficos, e não explicações de como surgiram esses padrões. 

Assim, a mesma pergunta pode ser feita sobre a convergência que foi feita à ortogênese: Qual é a evidência para o mecanismo proposto? De acordo com Coyne, o mecanismo de convergência envolve a seleção natural e especiação. 

Seleção e especiação 

Coyne escreveu que Darwin “tinha pequena evidência direta para a seleção agindo em populações naturais.” Na verdade, Darwin não evidencia direta de seleção natural; o melhor que ele pode fazer no Origem das espécies foi “dar uma ou duas ilustrações imaginárias.” Somente um século mais tarde que Bernard Kettlewell forneceu o que ele chamou de “a evidencial perdida de Darwin” para a seleção natural —uma mudança na proporção de mariposas salpicadas claras e escuras que Kettlewell atribuiu a camuflagem e predação por aves.40 

Desde então, os biólogos têm descoberto várias evidências diretas de seleção natural. Coyne descreveu algumas delas, inclusive um aumento mediano na profundidade dos bicos dos tentilhões das Ilhas Galápagos, e uma mudança no tempo de floração em plantas selvagens de mostarda no sul da Califórnia —os dois casos devido à seca. Como Darwin, Coyne também compara a seleção natural com a seleção artificial usadas em cruzamento de plantas e animais. 

Mas esses exemplos de seleção —natural bem como artificial— envolve somente pequenas mudanças dentro das espécies existentes. Os criadores de animais eram familiares com tais mudanças antes de 1859, e é por isso que Darwin não escreveu um livro intitulado Como Espécies Existentes Mudam ao Longo do Tempo; ele escreveu um livro intitulado Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural. “Darwin chamou sua grande obre de Origem das espécies,” escreveu o biólogo evolucionista de Harvard, Ernst Mayr, em 1982, “porque ele estava plenamente consciente do fato de que a mudança de uma espécie em outra era o problema mais fundamental da evolução.” Mas, Mayr tinha escrito anteriormente, “Darwin falhou em resolver o problema indicado pelo título de sua obra.” Em 1997, o biólogo evolucionista Keith Stewart Thomson escreveu: “Uma questão de tarefa inacabada para os biólogos é a identificação da prova/evidência indisputável da evolução,” e “a prova/evidência indisputável da evolução é a especiação, não é adaptação local e diferenciação de populações.” Antes de Darwin, o consenso era que as espécies podiam variar somente dentro de certos limites; na verdade, séculos de seleção artificial tinha, aparentemente, demonstrado tais limites experimentalmente. “Darwin tinha que demonstrar que os limites podiam ser quebrados,” escreveu Thomson, “e nós também.”41 

Em 2004, Coyne e H. Allen Orr publicaram um livro detalhado intitulado Speciation [Especiação], no qual eles salientaram que os biólogos não tinham sido capazes de concordar sobre uma definição de “espécie” porque nenhuma única definição serve para todos os casos. Por exemplo, uma definição aplicável a organismos vivos, sexualmente reprodutores pode não fazer nenhum sentido quando aplicado a fósseis ou bactérias. Na verdade, existe mais do que 25 definições de “espécie.” Qual definição é a melhor? Coyne e Orr argumentaram que, “quando for decidir sobre um conceito de espécie, alguém deve primeiro identificar a natureza do ‘problema de espécie’ de alguém, e depois escolher o conceito que melhor resolve aquele problema.” Como a maioria dos demais darwinistas, Coyne e Orr favorecem o “conceito biológico de espécie” [Biological Species Concept – BSC] de Ernst Mayr, pois conforme este conceito - “espécies são grupos de populações naturais que podem se cruzar e que são isoladas reprodutivamente de outros tais grupos.” No seu livro Why Evolution Is True, Coyne explica que o conceito biológico de espécie é “aquele que os evolucionistas preferem quando estudam a especiação, porque leva qualquer um ao cerne da questão evolucionária. Sob o BSC, se alguém puder explicar como as barreiras reprodutivas evoluíram, esse alguém explicou a origem das espécies.”42 

Teoricamente, as barreiras reprodutivas surgem quando as populações geograficamente separadas divergem geneticamente. Mas Coyne descreve cinco “casos de especiação ocorrendo na hora” que envolve um mecanismo diferente: a duplicação de cromossomo, ou “poliploidia.”43 Isso geralmente acontece após a hibridização entre duas espécies de plantas existentes. A maioria dos híbridos é estéril porque seus cromossomos incompatíveis não podem se separar apropriadamente a fim de produzir pólen fértil e ovários; ocasionalmente, contudo, os cromossomos em um híbrido, duplica espontaneamente, produzindo dois pares perfeitamente combináveis e fazendo possível a reprodução. O resultado é uma planta fértil que reprodutivamente isolada dos dois progenitores — uma nova espécie, conforme o BSC. 

Mas a especiação por poliploidia (“especiação secundária”) tem sido observada somente em plantas. Isso não fornece evidência a favor da teoria de Darwin de que as espécies se originam através da seleção natural, e nem para a teoria neodarwinista de especiação pela separação geográfica e divergência genética. Na verdade, Segundo o biólogo evolucionista Douglas J. Futuyma, a poliploidia “não concede novas e importantes características morfológicas… [e] nem causa a evolução de novos gêneros” ou níveis mais altos na hierarquia biológica.44 

Desse modo, a especiação secundária não resolve o problema de Darwin. Somente a especiação primária —a divisão de uma espécie em duas através da seleção natural —seria capaz de produzir o padrão de árvore ramificada da evolução darwinista. Mas ninguém tem observado a especiação primária. A prova/evidência indisputável da evolução nunca foi encontrada.45 

Ou será que a prova/evidência indisputável da evolução foi encontrada? 

No seu livro Why Evolution Is True, Coyne afirma que a especiação primária foi observada em um experimento noticiado em 1998. Curiosamente, Coyne não mencionou isso no livro de 2004 que ele escreveu junto com Orr, mas o seu relato disso em 2009 vale a pena citar com todas as letras: 

“Nós até podemos ver a origem de uma nova espécie ecologicamente diversa de bactéria, tudo dentro de um único frasco de laboratório. Paul Rainey e seus colegas da Universidade Oxford colocaram uma cepa da bactéria Pseudomonas fluorescens em um pequeno frasco contendo caldo nutriente, e simplesmente observaram. (É surpreendente, mas verdadeiro que tal frasco contém realmente diversos ambientes. A concentração de oxigênio, por exemplo, é mais alta no topo e mais baixa no fundo.) Dentro de dez dias —não mais do que algumas centenas de gerações — o ancestral das bactérias `lisas´flutuando livremente, tinha evoluído em duas formas adicionais ocupando partes diferentes da proveta. Uma, chamada de ‘espalhadora de rugas’ formou um tapete em cima do caldo. A outras, chamada de ‘espalhadora difusa’ formou um tapete no fundo. O tipo de ancestral liso persistiu no ambiente líquido no meio da proveta. Cada uma das duas novas formas era geneticamente diferente do ancestral, tendo evoluído através da mutação e seleção natural para se reproduzir melhor em seus respectivos ambientes. Aqui, então, não é somente a evolução, mas a especiação ocorrendo no laboratório: a forma ancestral produziu, e coexistiu com dois descendentes ecologicamente diferentes, e nas bactérias tais formas são consideradas espécies distintas. Após um curto período de tempo, a seleção natural na Pseudomonas produziu uma “radiação adaptativas” em pequena escala, o equivalente de como os animais ou plantas formam espécies quando eles encontram novos ambientes numa ilha oceânica.”46 

Mas Coyne omite o fato de que quando as formas ecologicamente diferentes foram colocadas de volta no mesmo ambiente, elas “sofreram uma rápida perda de diversidade,” segundo Rainey. Nas bactérias, uma população distinta ecologicamente (chamada de “ecotipo”) pode sim se constituir numa espécie separada, mas somente se a distinção for permanente. Como o microbiologista evolucionista Frederick Cohan escreveu em 2002, espécies nas bactérias “são ecologicamente distintas uma das outras; e elas são irreversivelmente separadas.”47 A reversão rápida de distinções ecológicas quando as populações bacterianas no experimento de Rainey foram colocadas de volta no mesmo ambiente refuta a afirmação de Coyne de que o experimento demonstrara a origem de uma nova espécie. 

Exagerar a evidência para promover o darwinismo não é coisa nova. No caso dos tentilhões de Galápagos, a profundidade média dos bicos reverteu ao normal após a seca. Não houve evolução qua evolução, muito menos especiação. Mesmo assim Coyne escreveu no seu livro Why Evolution Is True que “tudo que nós exigimos da evolução por seleção natural foi amplamente documentado” pelas pesquisas dos tentilhões. Uma vez que as teorias científicas permanecem ou caem devido a evidência, a tendência de Coyne exagerar a evidência não é coisa boa para a teoria que ele está defendendo. Quando um livreto publicado em 1999 pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos chamou a mudança de bicos dos tentilhões de “um exemplo particularmente convincente de especiação,” o professor de Direito de Berkeley, e um crítico de Darwin, Phillip E. Johnson, escreveu no The Wall Street Journal: “Quando nossos principais cientistas têm que recorrer ao tipo de distorção que colocaria um corretor da Bolsa na cadeia, você sabe que eles estão em dificuldades.”48 

Então, existem instâncias observadas de especiação secundária —que não é o que o darwinismo precisa— mas nenhuma instância observada de especiação primária, nem mesmo em bactérias. O bacteriologista britânico Alan H. Linton procurou por relatos de confirmação de especiação primária e concluiu em 2001: “Não existe nenhuma na literatura afirmando que uma espécie foi demonstrada como tendo evoluído em outra espécie. As bactérias, a forma de vida independente mais simples de todas, são ideais para este tipo de pesquisa, com tempos de geração de vinte a trinta minutos, e as populações são alcançadas após dezoito horas. Mas, por 150 anos de ciência de bacteriologia, não existe nenhuma evidência de que uma espécie de bactéria se transformou em outra espécie.”49
Conclusões 

Darwin chamou seu livro Origem das espécies de “um longo argumento” para a sua teoria, mas Jerry Coyne nos deu um longo blefe. O livro Why Evolution Is True tenta defender a evolução darwinista pelo rearranjo do registro fóssil; pela deturpação do desenvolvimento dos embriões vertebrados; por ignorar a evidência para a funcionalidade dos alegados órgãos vestigiais e o DNA não codificante, e depois promover o darwinismo com argumentos teológicos sobre “design ruim”, por atribuir alguns padrões biogeográficos para convergência devido a supostos processos “bem conhecidos” de seleção natural e de especiação; e depois exagerar a evidência a favor da seleção e especiação e fazer parecer como se elas pudessem realizar o que o darwinismo exige delas. 

A evidência concreta revela que as principais características do registro fóssil são embaraçosas para a evolução darwinista; que o desenvolvimento embrionário inicial é mais consistente com origens separadas do que com ancestralidade comum; que o DNA não codificante é plenamente funcional, e contrário às predições neodarwinistas; e que a seleção natural não pode realizar nada mais a não ser seleção artificial —o que significa dizer, mudanças mínimas dentro das espécies existentes. 

Diante de tal evidência, qualquer outra teoria científica teria sido, provavelmente, abandonada há muito tempo. Julgado pelos critérios normais da ciência empírica, o Darwinismo é falso. Ele permanece apesar da evidência, e o entusiasmo de Darwin e seus seguidores em defendê-lo com argumentos teológicos sobre a criação e design sugere que a sua permanência não tem nada a ver com a ciência.50 

Apesar disso, os estudantes de biologia podem achar útil o livro de Coyne. Considerando-se a informação exata e a liberdade de exercer o pensamento crítico, os estudantes podem aprender do livro Why Evolution Is True como que os darwinistas manipulam a evidência e a misturam com teologia a fim de reciclar uma teoria falsa que já deveria ter sido descartada há muito tempo. 

Notas 

34 Darwin, The Origin of Espécies, Chapters XIII (pp. 347-352) and XV (p. 419). Disponível online (2009) aqui.

35 Darwin, The Origin of Espécies, Chapters XII (pp. 330-332). Disponível online (2009) aqui.

36 Alan Cooper, et al., C. Mourer-Chauviré, C.K. Chambers, A. von Haeseler, A.C. Wilson & S. Paabo, “Independent origins of New Zealand moas and kiwis,” Proceedings of the National Academy of Sciences USA 89 (1992): 8741-8744. Disponível online (2008) aqui.

Oliver Haddrath & Allan J. Baker, “Complete mitochondrial DNA genome sequences of extinct birds: ratite phylogenetics and the vicariance biogeografia hypothesis,” Proceedings of the Royal Society of London B 268 (2001): 939-945. 

John Harshman, E.L. Braun, M.J. Braun, C.J. Huddleston, R.C.K. Bowie, J.L. Chojnowski, S.J. Hackett, K.-L. Han, R.T. Kimball, B.D. Marks, K.J. Miglia, W.S. Moore, S. Reddy, F.H. Sheldon, D.W. Steadman, S.J. Steppan, C.C. Witt & T. Yuri, “Phylogenomic evidence for multiple losses of flight in ratite birds,” Proceedings of the National Academy of Sciences USA 105 (2008): 13462-13467. Abstract disponível online (2008) aqui.

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37 Giuseppe Colosi, “La distribuzione geografica dei Potamonidae,” Rivista di Biologia 3 (1921): 294-301. Disponível online (2009) aqui.

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38 Léon Croizat, Space, Time, Form: The Biological Synthesis. Publicado pelo autor (Deventer, Netherlands: N. V. Drukkerij Salland, 1962), p. iii.

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Ernst Mayr, The Growth of Biological Thought (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1982), p. 529-530.

39 Coyne, Why Evolution Is True, p. 92-94. 

40 Coyne, Why Evolution Is True, p. 116.

Darwin, The Origin of Species, Capítulo IV (p. 70). Disponível online (2009) aqui

H. B. D. Kettlewell, “Darwin’s Missing Evidence,” Scientific American 200 (March, 1959): 48-53. 

41 Ernst Mayr, The Growth of Biological Thought (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1982), p. 403.

Ernst Mayr, Populations, Species and Evolution (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1963), p. 10.

Keith Stewart Thomson, “Natural Selection and Evolution's Smoking Gun,” American Scientist 85 (1997): 516-518. 

42 Jerry A. Coyne & H. Allen Orr, Speciation (Sunderland, MA: Sinauer Associates, 2004), p. 25-39.

Coyne, Why Evolution Is True, p. 174. 

43 Coyne, Why Evolution Is True, p. 188. 

44 Douglas J. Futuyma, Evolution (Sunderland, MA: Sinauer Associates, 2005), p. 398. 

45 Wells, The Politically Incorrect Guide to Darwinism and Intelligent Design, Capítulo Cinco (“The Ultimate Missing Link”), p. 49-59. 

46 Coyne, Why Evolution Is True, p. 129-130. 

47 Paul B. Rainey & Michael Travisano. “Adaptive radiation in a heterogeneous environment,” Nature 394 (1998): 69-72.

Frederick M. Cohan, “What Are Bacterial Species?” Annual Review of Microbiology 56 (2002): 457-482. Disponível online (2009) aqui

48 Coyne, Why Evolution Is True, p. 134.

National Academy of Sciences, Science and Creationism: A View from the National Academy of Sciences, Second edition (Washington, DC: National Academy of Sciences Press, 1999), Chapter on “Evidence Supporting Biological Evolution,” p. 10. Disponível online (2009) aqui.

Phillip E. Johnson, “The Church of Darwin,” The Wall Street Journal (August 16, 1999): A14. Disponível online (2009) aqui

49 Alan H. Linton, “Scant Search for the Maker,” The Times Higher Education Supplement (April 20, 2001), Book Section, p. 29. 

Frederick M. Cohan, “What Are Bacterial Species?” Annual Review of Microbiology 56 (2002): 457-482. Disponível online (2009) aqui

50 Paul A. Nelson, “The role of theology in current evolutionary reasoning,” Biology and Philosophy 11 (October 1996): 493 - 517. Abstract disponível online (2009) aqui

Jonathan Wells, “Darwin’s Straw God Argument,” Discovery Institute (December 2008). Disponível online (2009) aqui.

Jonathan Wells, “Darwin’s Straw God Argument,” Discovery Institute (December 2008). Disponível online (2009) aqui

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NOTA DESTE BLOGGER:

Esta é a primeira vez que dedico uma postagem a alguém. Na verdade é dedicada a Francisco Salzano, Sergio Pena e demais signatários de uma carta enviada ao presidente da Academia Brasileira de Ciências, manifestando preocupação e se sentirem afrontados com o avanço e defesa da teoria do Design Inteligente por cientistas da ABC.

Esse cientistas revelaram espírito anti-científico ao tentar intimidar vozes científicas dissidentes e céticas da robustez epistêmica das atuais teorias científicas sobre a origem e evolução do universo e da vida. A ciência qua experiência humana é sujeita a revisão e até simples descarte de suas mais queridas teorias, e não é impedindo a divulgação de ideias diferentes que se promove o avanço da ciência.

Francisco Salzano, Sergio Pena et al, que vergonha: vocês são contra a livre circulação e debates de ideias científicas nas universidades. A carta de vocês vai entrar na História da Ciência como exemplo mor de "patrulhamento ideológico", censura, e de uma profunda covardia ao não mencionar para o presidente da Academia Brasileira de Ciências o nome do cientista de renome e saber científico que promove a teoria do Design Inteligente no Brasil: o nome dele é Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin, o segundo cientista brasileiro mais citado em publicações científicas.

Escrevi isso acima com profundo desprazer de um lado, e por outro lado uma profunda alegria de desafiar a Nomenklatura científica e mostrar as suas partes intestinais podres na defesa do materialismo filosófico que posa como se fosse ciência!!!

Porque o darwinismo é falso – Parte 2/3

Embriões 

Assim, a teoria evolucionária precisa de melhor evidência que o registro possa fornecer. Coyne destaca corretamente: “Quando ele escreveu o Origem das espécies, Darwin considerou a embriologia a sua evidência mais forte a favor da evolução.” Darwin tinha escrito que a evidência parecia mostrar que “os embriões das mais distintas espécies pertencentes à mesma classe são mais aproximadamente similares, mas se tornam, quando plenamente desenvolvidos, amplamente dissimilares,” um padrão que “revela a comunidade da descendência.” Na verdade, Darwin pensou que os embriões no estágio inicial “nos mostram, mais ou menos completamente, a condição do progenitor de todo o grupo no seu estado adulto.”15 

Mas Darwin não era um embriologista. No seu livro Origem das espécies ele apoiou a sua argumentação citando uma passagem pelo embriologista alemão Karl Ernst von Baer: 

“Os embriões dos mamíferos, aves, lagartos e cobras, e provavelmente chelonia [tartarugas] são, nos seus estágios mais incipientes excessivamente parecidos uns com os outros... Tenho em minha posse dois pequenos embriões em álcool, cujos nomes eu omiti de colocar, e no presente momento eu sou bem incapaz de dizer qual classe que eles pertencem. Eles podem ser lagartos ou pequenas aves, ou mamíferos bem jovens, tão complete é a semelhança no modo de formação da cabeça e do tronco nesses animais.”16 

Coyne afirma que isso é algo que von Baer “escreveu para Darwin,” mas a história de Coyne é tão duvidosa quanto a sua paleontologia. A passage que Darwin citou foi de um artigo escrito em alemão por von Baer em 1828; Thomas Henry Huxley traduziu para o inglês e publicou em 1853. Primeiramente, Darwin nem sabia que era de von Baer: nas duas primeiras edições do Origem das espécies ele atribuiu a passagem incorretamente a Louis Agassiz.17 

Ironicamente, von Baer foi um crítico de peso da teoria de Darwin, rejeitando a ideia de que todos os vertebrados partilham de um ancestral comum. Segundo o historiador de ciência Timothy Lenoir, von Baer temia que Darwin e seus seguidores “já tivessem aceito a hipótese evolucionária darwinista como verdade antes de se disporem à tarefa de observar os embriões.” O mito de que a obra de von Baer apoiava a teoria de Darwin foi devido, primeiramente a outro biólogo alemão Ernst Haeckel.”18 Haeckel manteve não somente que todos os embriões de vertebrados evoluíram de um ancestral comum, mas também que em seu desenvolvimento (“ontogenia”) eles davam replay (“recapitular”) de sua história evolucionária (“filogenia”). Ele a chamou de a Lei Biogenética: A ontogenia recapitula a filogenia. 

No seu livro Why Evolution Is True, Coyne escreveu que “a ‘recapitulação’ de uma sequência evolucionária é vista na sequência de desenvolvimento” de vários órgãos. “Cada vertebrado passa pelo desenvolvimento numa série de estágios, e a sequência daqueles estágios acontece seguindo a sequência evolucionária de seus ancestrais.” A provável razão para isso é que “assim que uma espécie evolui em outra, o descendente herda o programa de desenvolvimento de seu ancestral.” Dessa maneira, o descendente altera as mudanças “naquilo que já é um plano de desenvolvimento robusto e básico.” 

É melhor para as coisas que evoluíram mais tarde serem programadas a desenvolver mais tarde o embrião. Este princípio de ‘adicionar coisa nova em coisa velha’ também explica por que a sequência de estágios de desenvolvimento refletem a sequência evolucionária dos organismos. Como um grupo evolui de outro grupo, geralmente ele adiciona seu programa de desenvolvimento em cima do antigo.” Assim, “todos os vertebrados começam o desenvolvimento [embrionário] parecendo um peixe embrionário porque todos nós descendemos de um ancestral tipo peixe.”19 

Mesmo assim, Coyne escreveu, a Lei Biogenética de Haeckel “estritamente não era verdade,” porque “os estágios embrionários não se parecem com as formas adultas de seus ancestrais,” como Haeckel (e Darwin) acreditaram, “mas se parecem com as formas embrionárias de seus ancestrais.” Mas esta reformulação da Lei da Biogenética não soluciona o problema. Em primeiro lugar, os fósseis de embriões são extremamente raros,20 assim, a lei reformulada tem que depender de embriões de organismos modernos que são considerados como parecendo as formas ancestrais. O resultado é um argumento circular: De acordo com a teoria de Darwin, os peixes são nossos ancestrais; os embriões humanos (supostamente) se parecem com os embriões de peixes; portanto, os embriões humanos se parecem com os embriões de nossos ancestrais. Teoria primeiro, observação mais tarde —justamente como von Baer tinha objetado.

Em segundo lugar, a ideia de que estágios evolucionários posteriores simplesmente podem ser alterados para o desenvolvimento é biologicamente irreal. Um ser humano não é apenas um embrião de peixe com algumas características adicionadas. Como o embriologista britânico Walter Garstang destacou em 1922, “uma casa não é uma cabana com um andar em cima. Uma casa representa um grau maior na evolução de uma residência, mas toda a construção é alterada —as fundações, o madeiramento, o telhado —mesmo que os tijolos sejam os mesmos.”21 

Em terceiro lugar, e mais importante, os embriões de vertebrados não são mais semelhantes em seus estágios iniciais. Nos anos 1860s, Haeckel fez alguns desenhos para mostrar que os embriões de vertebrados pareciam quase que idênticos em seu primeiro estágio —mas seus desenhos eram fraudulentos. Não somente ele distorceu os embriões fazendo-os parecer mais semelhantes do que eles realmente são, mas ele também tinha omitido os estágios iniciais nos quais os embriões são notavelmente diferente uns dos outros. Um embrião humano no seus estágios iniciais não se parece com um embrião de peixe. 

Somente depois de os embriões de vertebrados terem progredido pela metade de seu desenvolvimento é que eles alcançam o estágio que Darwin e Haeckel consideraram como sendo o primeiro. Os biólogos de desenvolvimento chamam esse padrão diferente-similar-diferente de “ampulheta de desenvolvimento.” Os embriões de vertebrados não se parecem um com o outro nos seus estágios iniciais, mas eles convergem de algum modo em aparência na metade do desenvolvimento antes de divergirem novamente. Se a ontogenia fosse uma recapitulação da filogenia, tal padrão seria mais consistente com as origens separadas do que com a ancestralidade comum. Os darwinistas modernos tentam salvar sua teoria pressupondo que a ancestralidade comum de vertebrados é obscurecida porque o desenvolvimento inicial pode evoluir facilmente, mas não há justificação para esta pressuposição a não ser a própria teoria.22 

Embora os desenhos de Haeckel tivessem sido denunciados como fraudes pelos seus contemporâneos, os livros didáticos de Biologia os usaram ao longo do século 20 para convencer os estudantes que os humanos partilham de um ancestral comum com os peixes. Então, em 1997, uma publicação científica publicou um artigo comparando as fotos dos embriões de vertebrados com os desenhos de Haeckel, e que o autor principal descreveu como “uma das mais famosas fraudes em Biologia.” [SIC ULTRA PLUS 1] Em 2000, o paleontólogo evolucionista de Harvard, Stephen Jay Gould chamou os desenhos de Haeckel de “fraudulentos” e escreveu que os biólogos deveriam “ficar atônitos e envergonhados pelo século de reciclagem estúpida que resultou na persistência desses desenhos num grande número, se não a maioria, dos livros didáticos modernos.”23 [SIC ULTRA PLUS 2] 

Mas Coyne não se sente envergonhado. Ele defende os desenhos de Haeckel. Coyne escreveu – “Haeckel foi acusado, em grande parte, injustamente, de ter falsificado alguns desenhos de embriões iniciais para fazê-los parecer mais semelhantes do que eles realmente são. Apesar disso, não devemos jogar o bebê junto com a água de banho.”24 O “bebê” é a teoria de Darwin, que Coyne defende teimosamente a despeito da evidência.

Vestígios e Design ruim 

Darwin argumentou no seu livro Origem das espécies que a ocorrência generalizada de órgãos vestigiais —órgão que, possivelmente, uma vez tiveram uma função, mas que agora são inúteis —é evidência contra a criação. “Sobre o ponto de vista de que cada organismo com todas as suas partes separadas tendo sido especialmente criadas, como totalmente inexplicável seja que os órgãos trazendo a marca nítida de inutilidade… devesse tão frequentemente ocorrer.” Mas tais órgãos, ele argumentou, são prontamente explicados por sua teoria: “No ponto de vista da descendência com modificação, nós podemos concluir que a existência de órgãos numa condição rudimentar, imperfeitos, e inúteis, ou quase abortados, longe de apresentar uma dificuldade estranha, como eles, sem dúvida, fazem na antiga doutrina da criação, podem até ter sido antecipados de acordo com os pontos de vista aqui explicados.”25

No seu livro The Descent of Man, Darwin citou o apêndice humano como um exemplo de órgão vestigial. Mas Darwin estava errado: Hoje sabemos que o apêndice é uma fonte importante na produção de anticorpos das células do sangue, e assim uma parte integral do sistema imunológico humano. Ele pode também servir como um compartimento para bactérias benéficas que são necessárias para a digestão normal. Assim, o apêndice não é de jeito nenhum inútil.26

Em 1981, o biólogo canadense Steven Scadding argumentou que embora ele não tivesse nenhuma objeção ao darwinismo, “os órgãos vestigiais não fornecem nenhuma evidência para a teoria evolucionária.” A razão principal é que “é difícil, se não impossível, identificar inequivocamente órgãos totalmente desprovidos de função.” Scadding citou o apêndice humano como um órgão previamente tido como sendo vestigial, mas agora sabido ter uma função. Outro biólogo canadense, Bruce Naylor, contrapôs que um órgão com alguma função ainda pode ser considerado vestigial. Além disso, Naylor argumentou, “organismos perfeitamente planejados necessitariam a existência de um Criador,” mas “os organismos frequentemente são algo menos do que perfeitamente planejados” e assim melhor explicados pela evolução. Scadding respondeu: “Todo o argumento de Darwin e de outros com respeito aos órgãos vestigiais giram em torno de sua inutilidade.” Do contrário, o argumento da vestigialidade nada mais é do que um argumento de homologia, e “Darwin lidou esses argumentos separadamente reconhecendo que eles eram de fato independentes.” Scadding também objetou que o argumento de Naylor - “menos do que perfeitamente planejado” era “baseado numa pressuposição teológica sobre a natureza de Deus, i.e. que Ele não criaria estruturas inúteis. Qualquer que seja a validade desta afirmação teológica, ela certamente não pode ser defendida como uma declaração científica, e por isso não deve ter lugar numa discussão científica da evolução.”27

No seu livro Why Evolution Is True, Coyne (como Darwin) citou o apêndice humano como exemplo de um órgão vestigial. Diferente de Darwin, todavia, Coyne admite que “ele pode ser de algum uso mínimo. O apêndice contém trechos de tecido que podem funcionar como parte do sistema imunológico. Também tem sido sugerido que ele fornece refúgio para as bactérias intestinais úteis. Mas esses benefícios mínimos certamente são superados pelos problemas severos que vêm com o apêndice humano.” De qualquer modo, Coyne argumenta, “o apêndice ainda é vestigial, pois não exerce mais a função pela qual evoluiu.”28

Como Scadding tinha destacado há uns trinta anos atrás, todavia, o argumento de Darwin se fundamentava na falta de função, e não mudança de função. Além disso, se a vestigialidade fosse redefinida como propõe Coyne, ela incluíria muitas características nunca antes pensada como sendo vestigial. Por exemplo, se o braço humano evoluiu de uma perna de um mamífero de quatro pernas (como afirmam os darwinistas), então o braço humano é vestigial. E se (como argumenta Coyne) as asas de aves voadoras evoluíram de membros anteriores emplumados de dinossauros que as usaram para outros propósitos, então as asas das aves voadores são vestigiais. Isso é o contrário do que a maioria das pessoas quer dizer com “vestigial.”29

Coyne ignora também a outra crítica de Scadding, argumentando se o apêndice humano for ou não inútil, ele é um exemplo de design imperfeito ou ruim. “O que eu quero dizer com ‘design ruim’,” Coyne escreveu, “é a noção de que se os organismos foram construídos por um designer desde o começo —alguém que tivesse usado os blocos biológicos construtores, ou os nervos, músculos, osso, e assim por diante— eles não teriam tais imperfeições. Design perfeito seria verdadeiramente o sinal de designer capacitado e inteligente. Design imperfeito é a marca da evolução; na verdade, é exatamente isso que nós esperamos da evolução.”30

Um exemplo ainda melhor de design ruim, Coyne argumentou, é a prevalência de “genes mortos.” Segundo a versão moderna de Darwinismo que Coyne defende, o DNA carrega um programa genetic que codifica proteínas que dirige o desenvolvimento embrionáriop; as mutações ocasionalmente alteram o programa genético para produzir novas proteínas (ou mudar seus locais); e depois a seleção natural seleciona essas mutações para produzir a evolução. Nos anos 1970s, contudo, biólogos moleculares descobriram que a maior parte de nosso DNA não codifica proteínas. Em 1972 Susumu Ohno chamou isso de “lixo,” e em 1976 Richard Dawkins escreveu: “Uma grande fração do DNA nunca é traduzida em proteína. Do ponto de vista do organismo individual isso parece paradoxal. Se o ‘propósito’ do DNA é supervisionar a construção de corpos, é surpreendente encontrar uma grande quantidade de DNA que não faz isso.” Do ponto de vista da evolução darwinista, todavia, não há nenhum paradoxo. “O verdadeiro ‘propósito’ do DNA é sobreviver, nem mais nem menos. O modo mais simples de explicar o DNA extra é supor que ele é um parasite, ou melhor, um passageiro inofensivo, mas inútil, pegando carona nas máquinas de sobrevivência pelo outro DNA.”31

Como Dawkins, Coyne considera que grande parte de nosso DNA é parasitária. Ele escreveu em Why Evolution Is True: “Quando uma característica não é mais usada, ou se torna reduzida, os genes que fazem isso não desaparecem instantaneamente do genoma: a evolução para a ação delas, inativando-as, não removendo-as do DNA. Disso nós podemos fazer uma predição. Nós esperamos encontrar, nos genomas de muitas espécies, genes silenciado, ou ‘mortos,’: genes que foram úteis uma vez, mas não estão mais intactos ou expressos. Em outras palavras, deve haver genes vestigiais. Ao contrário, a ideia de que todas as espécies foram criadas do zero prediz que tais genes não existiriam.” Coyne continuou: “Trinta anos atrás, nós não podíamos testar esta predição porque nós não tínhamos como ler o código do DNA. Contudo, hoje é bem fácil sequenciar o genoma complete das espécies, e tem sido feito para muitas espécies, inclusive os humanos. Isso nós dá uma ferramenta especial para estudar a evolução quando nós compreendemos que a função normal de um gene é fazer uma proteína —uma proteína cuja sequência de aminoácidos é determinada pela sequência das bases de nucleotídeos que constituem o DNA. E assim que nós tivermos a sequência do DNA de um dado gene, geralmente nós podemos dizer se ele é normalmente expresso —isto é, se ele faz uma proteína funcional— ou se ele silenciado e nada faz. Nós podemos ver, por exemplo, se as mutações mudaram o gene de modo que uma proteína útil não possa mais ser feita, ou se as regiões de ‘controle’ responsáveis por ativar um gene foram inativadas. Um gene que funciona é chamado de pseudogene. E a predição evolucionária que nós encontraremos pseudogenes tem sido cumprida —amplamente. Virtualmente todas as espécies abrigam genes mortos, muitos deles ainda ativos em seus genes aparentados. Isso implica que aqueles genes também foram ativos em um ancestral comum, e foram mortos em alguns descendentes mas não em outros. De aproximadamente trinta mil genes, por exemplo, nós humanos abrigamos mais de dois mil pseudogenes. Nosso genoma —e os de outras espécies— são verdadeiramente cemitérios bem preenchidos de genes mortos.”32

Mas Coyne está completamente errado.

Evidência saindo de projetos de sequenciamento de genomas mostra que virtualmente todo o DNA de um organismo é transcrito em RNA, e que, embora a maior parte daquele RNA não é traduzido em proteínas, ele realiza funções reguladoras essenciais. Cada mês, os periódicos científicos publicam artigos descrevendo mais dessas funções. E isso não é uma manchete de última hora: A evidência tem se acumulado desde 2003 (quando os cientistas acabaram de sequenciar o genoma humano) que os “pseudogenes” e outras sequências assim chamadas de “DNA lixo” não são, afinal de contas, inúteis.33 O livro Why Evolution Is True ignora este enorme conjunto de evidências, que refutam decisivamente a predição darwinista de Coyne de que o nosso genoma deveria conter bastante DNA “morto”. Não é de admirar que Coyne sempre fica no tipo de argumentos teológicos que Scadding escreveu “não deveriam ter lugar numa discussão científica da evolução.”

Notas

15 Coyne, Why Evolution Is True, p. 79.
Darwin, The Origin of Species, Capítulo XIV, p. 386-396. Disponível online (2009) aqui.


16 Darwin, The Origin of Species, Chapter XIV, p. 387-388. Disponível online (2009) aqui.


17 Coyne, Why Evolution Is True, p. 73.

Karl Ernst von Baer, “On the Development of Animals, with Observations and Reflections: The Fifth Scholium,” traduzido por Thomas Henry Huxley, pp. 186-237 in Arthur Henfrey & Thomas H. Huxley (editores), Scientific Memoirs: Selected from the Transactions of Foreign Academies of Science and from Foreign Journals: Natural History (London, 1853; re-impresso 1966 por Johnson Reprint Corporation, New York). A passage citada por Darwin está na p. 210.
Jane M. Oppenheimer, “An Embryological Enigma in the Origin of Species,” p. 221-255 in Jane M. Oppenheimer, Essays in the History of Embryology and Biology (Cambridge, MA: The M.I.T. Press, 1967).


18 Timothy Lenoir, The Strategy of Life (Chicago: The University of Chicago Press, 1982), p. 258.
Frederick B. Churchill, “The Rise of Classical Descriptive Embryology,” pp. 1-29 in Scott F. Gilbert (editor), A Conceptual History of Modern Embryology (Baltimore, MD: The Johns Hopkins University Press, 1991), p. 19-20.


19 Coyne, Why Evolution Is True, pp. 77-79.


20 Simon Conway Morris, “Fossil Embryos,” p. 703-711 in Claudio D. Stern (editor), Gastrulation: From Cells to Embryos (Cold Spring Harbor, NY: Cold Spring Harbor Laboratory Press, 2004).


21 Walter Garstang, “The theory of recapitulation: a critical restatement of the biogenetic law,” Journal of the Linnean Society (Zoology), 35 (1922): 81-101.


22 Vide Capítulo Cinco, e as referências que se seguem in Wells, Icons of Evolution.
Vide Capítulo Três e as referências que se seguem in Wells, The Politically Incorrect Guide to Darwinism and Intelligent Design.


23 Michael K. Richardson, J. Hanken, M. L. Gooneratne, C. Pieau, A. Raynaud, L. Selwood & G. M. Wright, “There is no highly conserved embryonic stage in the vertebrates: implications for current theories of evolution and development,” Anatomy & Embryology 196 (1997): 91-106.
Michael K. Richardson, citado in Elizabeth Pennisi, “Haeckel’s Embryos: Fraud Rediscovered,” Science 277 (1997):1435.
Stephen Jay Gould, “Abscheulich! Atrocious!” Natural History (March, 2000), p. 42-49.
“Hoax of Dodos” (2007). Disponível online (2009) aqui.


24 Coyne, Why Evolution Is True, p. 78. Notas


25 Darwin, The Origin of Species, Capítulos XIV (p. 402) e XV (p. 420). Disponível online (2009) aqui.


26 Darwin, Charles. The Descent of Man, First Edition (London: John Murray, 1871), Capítulo I (p. 27). Disponível online (2009) aqui.

Kohtaro Fujihashi, J.R. McGhee, C. Lue, K.W. Beagley, T. Taga, T. Hirano, T. Kishimoto, J. Mestecky & H. Kiyono, “Human Appendix B Cells Naturally Express Receptors for and Respond to Interleukin 6 with Selective IgA1 and IgA2 Synthesis,” Journal of Clinical Investigations 88 (1991): 248-252. Disponível online (2009) aqui.
J.A. Laissue, B.B. Chappuis, C. Müller, J.C. Reubi & J.O. Gebbers, “The intestinal immune system and its relation to disease,” Digestive Diseases (Basel) 11 (1993): 298-312. Abstract disponível online (2009) aqui.
Loren G. Martin, “What is the function of the human appendix?” Scientific American (October 21, 1999), Disponível online (2009)aqui.
R. Randal Bollinger, Andrew S. Barbas, Errol L. Bush, Shu S. Lin & William Parker, “Biofilms in the large bowel suggest an apparent function of the human vermiform appendix,” Journal of Theoretical Biology 249 (2007): 826-831. Disponível online (2009) aqui.
Duke University Medical Center, “Appendix Isn't Useless At All: It's A Safe House For Good Bacteria,” ScienceDaily (October 8, 2007). Disponível online (2009) aqui.


27 Steven R. Scadding, “Do ‘vestigial organs’ provide evidence for evolution?” Evolutionary Theory 5 (1981): 173-176.
Bruce G. Naylor, “Vestigial organs are evidence of evolution,” Evolutionary Theory 6 (1982): 91-96.
Steven R. Scadding, “Vestigial organs do not provide scientific evidence for evolution,” Evolutionary Theory 6 (1982): 171-173.


28 Coyne, Why Evolution Is True, p. 61-62. 


29 Coyne, Why Evolution Is True, p. 46. 


30 Coyne, Why Evolution Is True, p. 81.


31 Susumu Ohno, “So much ‘junk’ DNA in our genome,” Brookhaven Symposia in Biology 23 (1972): 366-70.
Richard Dawkins, The Selfish Gene (New York: Oxford University Press, 1976), p. 47.


32 Coyne, Why Evolution Is True, p. 66-67. 


33 Alguns dos muitos artigos científicos publicados desde 2003 que documentam a função do tão chamado DNA “lixo” são:
E.S Balakirev & F.J. Ayala, “Pseudogenes: are they ‘junk’ or functional DNA?” Annual Review of Genetics 37 (2003): 123-151.
A. Hüttenhofer, P. Schattner & N. Polacek, “Non-coding RNAs: hope or hype?” Trends in Genetics 21 (2005): 289-297.
J.S. Mattick & I.V. Makunin, “Non-coding RNA,” Human Molecular Genetics 15 (2006): R17-R29.
R.K. Slotkin & R. Martienssen, “Transposable elements and the epigenetic regulation of the genome,” Nature Reviews Genetics 8 (2007): 272-285.
P. Carninci, J. Yasuda & Y Hayashizaki, “Multifaceted mammalian transcriptome,” Current Opinion in Cell Biology 20 (2008): 274-80.
C.D. Malone & G.J. Hannon, “Small RNAs as Guardians of the Genome,” Cell 136 (2009): 656–668.
C.P. Ponting, P.L. Oliver & W. Reik, “Evolution and Functions of Long Noncoding RNAs,” Cell 136 (2009): 629–641.



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NOTA DO BLOGGER:

Quando em 1998 eu apontava as fraudes e as distorções de evidências científicas a favor da evolução para alguns dos expoentes autores de livros-texto de Biologia do ensino médio, recebi um e-mail de um deles, meu amigo, que a fraude dos desenhos dos embriões de Haeckel era do conhecimento da maioria dos biólogos! Mas ele não entrou em detalhes da motivação por que eles eram utilizados pelos autores. Motivação científica ou ideológica???

Na análise crítica que submeti ao MEC em 2003 e 2005, foram destacadas essas fraudes e as distorções das evidências científicas a favor do fato da evolução. Dos autores analisados, somente Amabis e Martho retiraram as fraudes, mas não explicitaram porque o fizeram.

Com o descaso do MEC/SEMTEC/PNLEM para o que foi apresentado como DESONESTIDADE ACADÊMICA da parte desses autores, não acompanhei mais a abordagem da evolução nesses livros didáticos. Pobres estudantes, estão sendo fraudados há um século, NOTA BENE - UM SÉCULO - 100 ANOS!  

Fui, nem sei por que, cada vez mais enojado da Nomenklatura científica!!!