terça-feira, 6 de setembro de 2011

Carro, ter ou não ter? Eis aí uma questão de sustentabilidade


6 de setembro de 2011 | Nas Categorias: Dia a Dia Sustentável | Por: Dan Lima e Carol Guilen






Será que precisamos mesmo de carro? Será que conseguimos viver sem ele? Existe alguma forma mais sustentável de utilizá-lo? Estas são perguntas que nos têm incomodado. Ainda não temos todas respostas e nem tomamos a decisão, mas temos refletido sobre o assunto e vamos compartilhar com você alguns pontos.
A história do carro tem início no século XVII. Em 1678, o padre Ferdinand Verbiest idealizou e construiu um pequeno carro a vapor para, adivinhe quem, o imperador da China. De lá para cá a coisa não parou, até o carro se tornar o meio de transporte mais popular do mundo. Estima-se que no mundo existam hoje mais de 1 bilhão de carros¹.
No Brasil, os primeiros carros modelo Romi-Isetta foram montados em 1956 na cidade de Santa Bárbara d’Oeste – surgia a indústria automobilística nacional. A coisa por aqui também anda acelerada. Segundo dados da ANFAVE (Associação dos Fabricantes de Veículos), em 2010 foram fabricados² 3,64 milhões de unidades. Assustado? Você não viu nada, acompanhe.






Pense bem como o carro é algo insustentável. Você paga por um combustível fóssil que libera monóxido de carbono (CO) e outros gases tóxicos para mover 890 kg, sendo 820 kg do carro (peso de um carro popular) e 70 kg seus. A massa das pessoas representa menos de 10% do total movimentado, ou seja, praticamente todo o combustível é usado para movimentar a massa do próprio veículo.
Segundo o professor e geógrafo Aziz Ab’Saber, no Brasil de 60 a 80% carros transportam apenas uma pessoa. Dá pra imaginar quanta massa é deslocada à toa? Quanto espaço é ocupado com carros vazios, e quanto CO e CO² é liberado? Pois é, tem muita gente engolindo poluição e perdendo tempo de vida. Continuando.
Para que os nossos queridos carrões se movimentem, além dos gases, é gerada uma série de resíduos: óleos e graxas, pneus, plásticos, baterias etc. Esses resíduos são considerados resíduos perigosos e de difícil tratamento. Estima-se que no Brasil sejam produzidos 40 milhões de pneus por ano. No mesmo período, são descartadas 20 milhões de unidades, que vão parar no fundo dos rios, depósitos, lixões etc³.
E não podemos esquecer de levar em conta o tempo que se perde preso no trânsito. Nas grandes cidades, em dias de trabalho, os carros circulam com uma velocidade média de 18 a 20 km por hora, velocidade média das carroças usadas por nosso avós. Acredite, ir de carro pode não ser a melhor opção.

Qual é o custo real de se ter um carro?

Analisando agora a questão financeira, você já parou para pensar o quanto é gasto no mês para se manter um carro? Vale colocar na ponta do lápis. Abaixo colocamos um exemplo real baseado no consumo de um casal que tem um carro popular de uma montadora italiana que tem um nominho de três letras…






A maioria das pessoas leva um susto quando fecha essa conta. Infelizmente, sem perceber, gastamos muito dinheiro para manter um carro. Vale a pena? Essa resposta cada pessoa tem de responder, pois cada um sabe onde o seu calo aperta.

Transporte sustentável – Alternativas ao automóvel

Nós sabemos que em muitas ocasiões o carro é muito prático e dá autonomia, por isso não estamos afirmando que o caminho seja não usá-lo.
Quem sabe no futuro uma vida sem carro seja mais acessível a todos. Mas, em todo caso, não custa analisar um pouco melhor. Dependendo de onde você mora e dos seus hábitos, considere as opções a seguir, por ordem de sustentabilidade:

Vá caminhando. Distâncias curtas podem ser facilmente percorridas a pé. Mesmo as não tão curtas podem ser menos difíceis de serem vencidas do que parece. A irmã da Carol anda cerca de uma hora para chegar e voltar do trabalho, mas muitas vezes prefere essa opção ao invés de ficar presa no trânsito. Caminhar não emite gases tóxicos, exercita o corpo e permite que você conheça melhor os bairros, lojinhas, mercearias… E você pode ter mais liberdade de escolher caminhos novos mais agradáveis.

Vá de bicicleta. O segundo campeão em sustentabilidade, andar de bicicleta (ou até de patins) permite que você chegue mais rápido, percorra caminhos mais longos e também é um meio de transporte não poluente. Se você mora em grandes cidades, esteja atento às leis de trânsito e boas práticas para ciclistas. Ande com equipamentos de proteção, como o capacete, e seja prudente. Escolha vias tranquilas e planas para ter uma viagem mais confortável.

Vá de ônibus, trem ou metrô. Sabemos que, aqui no Brasil, transporte público ainda não é confortável, barato e integrado o suficiente – mas tem melhorado. No ônibus, você tem oportunidade de aproveitar mais o tempo no engarrafamento lendo ou fazendo ligações, por exemplo.
Nas grandes cidades, com uma única passagem de metrô você chega muito longe, e o melhor, sem trânsito, sem perder tempo e em um transporte bem mais seguro. Se for o caso, vá de carro até uma estação próxima à sua casa e depois pegue o metrô.

Vá de carona (ou ofereça aos amigos). Organize-se com a ajuda dos sites:
Existem ainda outras opções para aqueles que optam por não possuir um carro, mas têm necessidades específicas. Um deles é o aluguel de carro, uma mão na roda para viagens que não podem ser feitas de ônibus, trem ou avião. Para trajetos curtos, além das empresas tradicionais, está começando no Brasil o sistema por hora, à semelhança do popular ZIPcar norte-americano : Zazcar
Você também pode avaliar a possibilidade de ter uma moto, um veículo menor, que ocupa pouco espaço e consome pouco combustível. Teoricamente é uma boa opção, porém o risco à segurança é muito grande e por isso ficamos receosos de sugerir usar motocicletas para locomoção diária. Pelo menos na atual estrutura viária e (baixíssimo) nível de cidadania de nossos motoristas hoje.
Veja se vale a pena você pensar em vender o carro e usar outras formas de transporte de forma integrada. Identifique quais os trechos que você faz diariamente, semanalmente e uma média dos esporádicos, e qual tipo de transporte alternativo você poderia usar para cada trecho. Agora vamos comparar o gasto com um carro e quanto você gastaria por mês sem ele:






Grande parte dos leitores pode chegar à conclusão de que ainda não compensa vender o carro. Mas alguns poucos (ou talvez nem tão poucos assim) podem concluir que preferem se transportar de forma mais ecológica e vender o carro, ficando com o dinheiro na poupança (em vez de ele continuar depreciando) e não tendo mais de levar carro à oficina ou passar no posto para abastecer e lavar.
De quebra, você pode usar o tempo de deslocamento para colocar a leitura, anotações e telefonemas em dia (claro que isso só funciona se o tempo de transporte público não for muito maior que de carro, ou você ficará estressado de qualquer maneira).
Bem, enquanto não podemos falar isso com conhecimento de causa, seguem alguns depoimentos de quem leva, por escolha, uma vida sem carro:
Conte-nos sua decisão, sua experiência e dificuldades de se transportar e vamos debater sobre o assunto!
Fotos: TreeHugher – Mike Co – erikd2006 – monique72 – createsima
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Sobre o autor:

Dan Lima e Carol Guilen
Dan Lima e Carol Guilen ( @donossoquintal )
Ele, advogado, ela, bióloga. Um casal de consultores em Sustentabilidade, fora do escritório: será que dentro de casa é que começa o exemplo?Site: http://donossoquintal.wordpress.com

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