sábado, 28 de julho de 2012

10 maneiras de proteger seu dinheiro de você

A ciência garante: quando o assunto é grana, nosso cérebro costuma nos trair. Entenda o que está errado em suas decisões e cuide melhor das suas finanças
por Tiago Mali, com reportagem de Felipe Datt

Editora Globo
Nem bem o 13º entrou, você já gastou em compras desnecessárias. Ou pior: pegou um empréstimo no banco antecipando o pagamento e, em vez de dinheiro a mais, chegou ao fim do ano com outra dívida. Você não é exceção, mas parte de uma regra cruel cada vez mais estudada por cientistas: ganhar um bônus pode aumentar as dívidas. Não parece racional, mas várias das nossas decisões financeiras não são.

Tendemos a comprar mais quando a loja só permite pagar com cartão. E as vendas de um produto crescem com promoções tipo “leve 4 por R$ 2”, sendo que cada unidade custaria mesmo R$ 0,50. Pois é, se fôssemos sempre lógicos, como explicar levantamentos mostrando que a bolsa tende a subir em dias ensolarados e a cair quando o país é eliminado da Copa do Mundo? (Sim, essas pesquisas foram feitas por professores da Universidade da Califórnia e da Pensilvânia).
Caminhos irracionais de consumo como esses são objeto de estudo da economia comportamental. Em vez de analisar taxas e índices financeiros, ela usa experimentos de psicólogos para entender como decidimos. “A economia tradicional afirma que as pessoas fazem escolhas depois de analisar as possibilidades racionalmente. Mas estudos mostram que, em alguns casos, tomamos decisões intuitivamente”, diz o psicólogo Thomas Gilovich, um dos principais nomes da pesquisa na área.

A maioria dos experimentos sobre o assunto segue uma noção consolidada na psicologia de que nossa mente funciona de duas formas. Uma delas é intuitiva, rápida, automática, se baseia em experiências passadas. Quando perguntam quanto é 2+2, você usa o modo automático. O outro sistema de pensar é mais lento, racional e demanda concentração e esforço para analisar situações. É acionado quando temos de responder quanto é 17x24, por exemplo.

Na maioria das vezes, funcionamos no modo automático, já que ligar o modo mais analítico o tempo todo demandaria intensa atenção e concentração. Isso é bom, caso contrário gastaríamos horas em cada decisão. No modo automático, nossa tendência é chutar uma resposta sem recolher muitas informações, seguindo padrões memorizados pelo cérebro. Como nossa mente é capaz de identificar padrões incrivelmente complexos, a maior parte desses chutes estão certos.
O problema é que esse comportamento inconsciente também cria padrões que nos prejudicam, como o excesso de confiança ao mexer com dinheiro. “Isso ajuda em encontros amorosos ou entrevistas de emprego, mas pode fazer você achar que manja tudo sobre ações após ler algumas notícias ou que vai comparecer tanto à musculação que vale a pena pagar o plano anual da academia”, diz Gary Belsky, especialista em economia comportamental e autor do livro Proteja seu Dinheiro de Você Mesmo. Costumamos avaliar mal os riscos, mudar nossa decisão de acordo com a forma que a pergunta é feita e comprar mais por conta de coisas irrelevantes — cheiros, sons e até a posição do produto na prateleira. “Marqueteiros e vendedores sabem disso há muito tempo e nos manipulam”, afirma o Ph.D. em psicologia Baruch Fischoff, pioneiro da área.

A economia comportamental ganhou espaço depois da crise econômica de 2008. De lá pra cá, um de seus representantes, Cass Sunstein, virou assessor do presidente americano Barack Obama e outro, Richard Thaller, foi chamado pelo governo britânico para palpitar em políticas públicas. Além disso, o prêmio Nobel de economia Daniel Kahneman acaba de lançar o livro Thinking, Fast and Slow (Pensando, Rápido e Devagar, sem edição no Brasil), sua primeira obra sobre o tema para leigos, que entrou nos 10 mais vendidos do jornal The New York Times. Estudiosos defendem que, quando se trata de decisões financeiras, somos induzidos ao erro de tantas maneiras que o governo deveria era interferir, manipulando sutilmente nossas escolhas (veja quadro A manipulação “para o bem”, à frente).

Mas antes que o governo se meta, Galileu reuniu os 10 principais enganos que podem afetar seu saldo bancário. Saiba identificá-los e fuja das armadilhas e golpes de marketing que prejudicam suas finanças. Afinal de contas, o cliente quase nunca tem razão.
Fonte: Revista Galileu

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